-Alô, quem fala? - Disse após atender o telefone.

            -Em's? Aqui é a Marry. Que bom que você já chegou para casa!- Respondeu-me, com um tom animado na minha voz. Sempre que falava assim, dava pequenos pulinhos.- Eu liguei para o hospital e disseram que você já teve alta, então resolvi avisar que já estou indo para casa. Amanhã eu chego aí.
           -Que bom, Marry! Não vejo a hora.- Tentei colocar um pouco de entusiasmo na voz, mas não foi bom o suficiente. 
           -Está tudo bem, Emery? 
           -Claro. Porque não estaria? Estou em casa, afinal.- Falei, com mais convicção. Foi o bastante dessa vez.
           -Sendo assim, até amanhã, Em. 
      Desliguei o telefone. Não, eu não estava nada bem. Assim que Jade foi embora, desci as escadas em direção à sala. Nath ainda me esperava e, com nós na garganta, pedi que me deixasse sozinha um pouco. Ele entendeu. Agradeci-o por ter sido tão gentil ao me trazer em casa e abracei-o, lisonjeada por toda a doçura que teve ao ficar ao meu lado durante os dias no hospital, antes de nos despedir.
     Agora, estava deitada na cama. E ainda estava chorando. Gotas quentes desciam pelo meu rosto, contornando meus olhos vermelhos e desaparecendo perto do pescoço. Lembrei de "Shades of Cool", música de uma das minhas cantoras favoritas, Lana Del Rey. Na versão instrumental da música, ela diz, em um vocal simples e quase inaudível,  "You're crumbling sadly. I'm sorry. You're gone with me"  (Você está desmoronando ,tristemente. Sinto muito. Você se foi comigo). Agora eu entendo essa frase. Quando Jade foi embora, eu fiquei destruída. E por tentar preencher o vazio que surgiu em meu peito, apenas me perdi ainda mais. E dessa vez, levei-o comigo. Ambos desmoronamos com nossas lágrimas, revelamos nossas dores e nos agredimos, usando nossos próprios sentimentos. 
       Recordei-me do que foi dito por ele e, respirando fundo, tentei criar uma linha de raciocínio. Jade disse o porquê de ir embora, ou melhor, fugir, pois, quando temos problemas, abandoná-los é apenas uma forma de escapar temporariamente, já que podem crescer e afogar a esperança que ainda existia. Jade também não sabia do acidente, mas se me lembro bem, ele referiu-se a uma carta. E de repente, uma pequena possibilidade surge em minha cabeça: A caixa de correios.
       Desço as escadas aflita e desajeitadamente. Ao passar pela porta, a fragrância de amêndoas de Nath se mistura ao cheiro de jasmins e hortelã. Inspiro ,e flashes dourados, como o sol, e verdes, como a grama, se chocam em minha mente. Recupero-me e e vou em direção à cerca branca, e percebo que a haste lateral da pequena caixa laranja estava levantada, indicando que havia-se uma correspondência. Abri-a.
      Dentro, encontrei um pequeno envelope beje, com um selo de South Lake City. Sentei-me ali mesmo, e comecei a ler. Meus lábios tremiam, mas logo, a decepçao e dor que aquilo me causava se transformou em dúvida. Jade havia dito para avisar Inkas que ele havia "chagado bem". O fato de serem irmãos não era uma novidade, afinal, os cabelos verdes e o sorriso miego eram semelhanças bem perceptíveis, mas ela sabia que ele ia embora. Levantei-me. Amanhã, assim como Mary, ela irá chegar da excursão. E eu estou disposta a conseguir respostas.



OBS: A carta que Emery leu pode ser encontrada no Capítulo 13- Algumas Explicações.


      -Nathaniel, por favor-, disse Jade- tem como nos deixar as sós? Queria conversar com Emery por alguns minutos.
       -Ahn, tudo bem, então-, respondeu.

              Peguei uma blusa larga,daquelas que ultrapassam os joelhos,e vesti-a. Mas ainda não possuía coragem para me virar e olhar em seus olhos. Minhas pernas bambearam, mas não caí.
     -Olhe para mim, Emery- disse, com tons agudos de sofrimento. Aquilo era doloroso para nós dois. Meus músculos se contraíram, minhas unhas se cravaram nas palmas de minhas mãos, e virei.
              Olhei-o em um misto de emoção e espanto. Seus olhos, ao contrário do que imaginei, estavam desbotados e fundos, sua pele, normalmente bronzeada, empalecera. Abaixei a cabeça, forçando-me a não chorar e sufocar o pensamento de que eu era a responsável por tanta destruição e dor. Ele te abandounou, Emery. A culpa não é sua, pensei.
     - É tão fácil substituir alguém,não?
              Fitei-o. Sua pergunta, mesmo dita em voz alta, não parecia ter sido direcionada a mim. Estava pensando alto.
     -Você voltou. Não achei que isso fosse acontecer.- balbuciei, gastando minhas reservas de coragem.
     -E pelo visto você não teve dificuldade em me esquecer- Senti-me como se tivesse sido estapeada por aquelas palavras. Slap.
     - Queria que eu ficasse te esperando?
     - Eu te amava e...
     - Que forma adorável de demonstrar, não? Agora, abandonar alguém é o mesmo que dizer um "Eu te amo"?- Slap. Agora eu o havia acertado.
            Ficamos em silêncio. Ambos desviamos os olhares. Nossas vozes se amansaram.
      - Por que me deixou?- eu disse, sentindo as lágrimas quentes tomarem forma.- Por que não ficou comigo? Podíamos ter dado certo e...
       - Durante a noite, você chamava o Kentin. Sussurrava seu nome. Você estava se torturando para fazer o nosso namoro ser real e ...-Parou, respirando fundo- e isso me matava.
                Sentei-me na cama. Meu estômago se revirou. Eu era a responsável por Jade ter partido. Era simples. Mas eu o amava. Estava dividida, sim, confesso, mas nada que havia dito era mentira. Iria responde-lo, mas continuou:
       - Eu te mandei uma carta. Você poderia ter me mandado alguma notícia, um sinal de vida. Seria decente da sua parte.
       - Desculpe, mas tive alta hoje do hospital.
       - Hospital?- Ele perguntou, meio atordoado.
       - Alguns dias depois que foi embora, eu fui atropelada. Fiquei adormecida por alguns dias e tive que esperar algumas sequelas melhorarem, mas estou melhor agora...
                Ele se sentou em uma cadeira antiga encostada perto da porta. Tapou seus olhos com as mãos e apoiou seus cotovelos nos joelhos. E após alguns minutos em silêncio, Jade começou a soluçar. Estava chorando, rítmica e dolorosamente. Odiei-me. Por fazer Jade chorar, por ser distraída o bastante para ser atropelada e, simplesmente, por existir. Odiei-me tanto que também chorei. E, aos poucos, sussurrei:
          -Eu queria que você estivesse lá. Esperei horas, dias por noticias suas. Mesmo que ligasse dizendo que nunca mais queria me ver, seria algo bom, porque eu iria saber que você estava bem..- engasguei. A voz começava a falhar- Nath foi um amigo fiel. Estevava lá sempre que podia, deixando suas responsabilidades de lado para me reconfortar e apoiar... Então não me odeie por transformá-lo em um porto seguro. E não o odeie por me dar essa oportunidade.
               Jade se levantou. Enxugou as lágrimas na manga da camisa fosca e olhou-me, como havia feito diversas vezes. Mas eu desconhecia aquela expressão: Dúvida? Indiferença? Sustentei o seu olhar, vazio e oco. Depois, disse, com a voz ainda alterada:
            -Tenho que ir. Sugiro que troque o esconderijo de sua chave extra: O vaso de orquídeas que eu te dei não é muito seguro.
                E foi embora. Ouvi seus passos,descendo as escadas e, segundos depois, o bater da porta. O que eu deveria fazer agora? Novamente, eu estava perdida.
     

         Minha casa parecia diferente. Eram os mesmos tons de tinta nas paredes e calhas, as mesmas plantas no jardim e a antiga bicicleta de Marry continuava jogada ao lado do vaso de orquídeas. Porém, ficar quase um mês no hospital me fez sentir uma saudade enorme de cada canto da minha casa, até mesmo do cheiro de pinheiro e da visão dos orvalhos durante as neblinas da madrugada.
         Nathaniel tocou o meu ombro. Ele havia abandonado as atividades de representante para me ajudar na volta. Olhei em seus olhos, mais dourados que nunca diante o sol, dei dois passos e abri a porta. O metal da maçaneta,frio, em minha pele.
         A casa estava um pouco empoeirada, mas não chegava ao ponto de incomodar. O que realmente me chateava era a ausência de meus pais: Sempre trabalhando com seus inquestionáveis chefes, independente da situação na qual eu e Marry poderíamos nos encontrar. O bom disso é que aprendemos a nos virar sozinhas, e logo fui preparar algo para que eu e Nath possamos comer.
          A principio, Nathaniel relutou, dizendo que eu deveria estar de repouso, mas logo o convenci, alegando que ficar dias no hospital, deitada numa cama o dia e a noite toda já era repouso suficiente pra todo o resto da minha vida. Peguei massa, ovos e leite, acrescentei fermento, e preparei a massa de um bolo. Coloquei-o no forno.
         Nath estava sentado no sofá da sala, as costas escoradas nas almofadas turquesas, esticando a blusa sobre seu tronco e expondo o formato de suas omoplatas. Avisei-o que iria trocar de roupa. Não aguentava mais usar um conjunto branco de malha. Subi as escadas, ainda receosa sobre o que poderia encontrar no meu quarto.
          Abri a porta, me deparando com a sensação de saudade do único lugar inviolado, que até Marry sabia que não deveria entrar sem minha permissão. Sim, aquele era o único local no qual ninguém conseguira me atingir, já que até meu coração havia sido ferido. Kentin, Jade... Quem seria o próximo?
Me livrei dos desvaneios. Peguei uma blusa antiga no guarda roupa, vermelha e surrada, daquelas que vão até o joelho, coloquei um shortinho preto comum e desci. E não acreditei no que encontrei.
         Em menos de 10 minutos, que foi o tempo que levei para  ir ao meu quarto e voltar, Nath havia adormecido. A cena me comoveu. Sempre me visitava no hospital e deixou de viajar com a turma para poder me ajudar. Ás vezes, ficava até tarde da noite me esperando dormir e já estava acordado quando eu me levantava. Devia estar exausto. Mas o sofá não era tão confortável, então decidi levá-lo para a cama.
         - Nath, acorda. Você não pode dormir aqui.
         -Aahn! Desculpe, Em. Já vou me levantar e te ajudar a arrumar as coisas.- respondeu, bocejando e com os olhos piscantes.
         - Não é isso, Nath. O sofá é desconfortável, vêm, pode deitar na minha cama.
         - Na sua cama? Tem certeza?
         - Claro! Descansa um pouco enquanto eu faço a cobertura do bolo, e quando tudo estiver pronto eu te acordo. Agora vêm.
        Ajudei Nathaniel a se levantar, passando seus braços pelo meu ombro, e subimos as escadas. Deitei-o na minha cama, e vê-lo do lado dos meus ursinhos de pelúcia foi um tanto quanto engraçado. Dei-o um travesseiro e o encobri com um edredom azul. Ele dormiu novamente.
         O tempo passou e, com menos de duas horas, o bolo, a cobertura (com pedacinhos de morango que achei na geladeira) estavam prontos. Fiz suco de laranja, meu favorito. Olhei as horas e já eram quase sete da noite e eu não havia tomado banho ainda. O quarto de Marry e de meus pais estavam trancados, e já que Nath dormia no meu, resolvi usar o chuveiro do banheiro comum.
         A água caia sobre o meu corpo, quente e suave, em contraste com os meus pés, dançando ao toque da cerâmica fria. Meus cabelos, encharcados, grudaram-se contra minhas costas, alcançando até minha cintura. Tudo estava muito bem, mas a sensação vazia que tanto me perseguia anteriormente, me atingiu. Vejo Jade, indo embora, deixando tudo para trás. Sem motivo algum para fica ao invés de ir e me deixar. Penso em Ken, treinando exaustivamente para mudar, para poder superar o amor que sentia por mim e que eu não conseguia enxergar e perceber. Nath, me vigiando durante a noite, esforçando-se para se manter acordado para poder me ajudar caso eu necessitasse.
         Por que todos ao meu redor não podiam ficar apenas bem? Eu, definitivamente, era um imã de dor, ou pelo menos, decepção. Não só para os outros, mas também para mim mesma. Ser hipócrita o bastante por permitir Kentin se vingar de Ambre com aquele namoro falso. Tão obsessivo que, até hoje, estão juntos, e pelas noticias que recebi, felizes. Ser fraca por fugir quando Ken me ofendeu. Ser distraída a ponto de ser atropelada... Não, minha inimiga não é a Ambre.Sou eu mesma.
        Cai de joelhos, a água corrente contra minha nuca, sufocando as lágrimas que brotavam e escorriam. As faxas e bandagens estavam envolvidas por um plástico na altura da costela,para que a água não as danificasse. O vento frio que entrava pela janela me arrepiou. Já haviam se passando cerca de 20 minutos desde que entrei no chuveiro, ou seja, um banho consideravelmente demorado. Peguei minha toalha, sequei-me. E percebo que esqueci de pegar as roupas no meu guarda roupa.
         Bem, terei que ir ao meu quarto, pensei. Enrolo-me na toalha, e sorrateiramente, entro no meu quarto. E não há ninguém deitado na minha cama. UFA! Nath deve ter acordado e decido ir comer. Fecho a porta e desamarro a toalha, deixando-a cair no chão. Abro o guarda-roupa e opto em pegar um vestid...
         -Emery!- A voz de Nath surge, ambos surpresos. Me viro, e o encontro do outro lado do quarto, olhando-me nua, em pânico.-Desculpe, eu usei seu toalete e ouvi alguém fechando a porta e...- gaguejou.
          -FECHE OS OLHOS, NATHANIEL!- e me enrolei na toalha novamente. Quando estava coberta, disse-o: -Pode abrir agora.
           Nath me olhou, envergonhado. Tentou balbuciar desculpas mas o interrompi; -Está tudo bem,a culpa não é sua. Eu devia ter avisado. Vamos só esquecer isso, okay? - Ele balançou a cabeça e foi em direção a porta, ainda com o rosto bem vermelho.
          -AH!Nat, espere! Já que você está aqui, tem como prender o meu sutiã? É um pouco complicado e... Bem, uma ajudinha poderia ser util.
          - Ahn, okk, Em's.
           Virei-me de costas e abaixei a toalha, deixando-a cobrir apenas a minha cintura. Senti seus olhos nas minhas costas. Aos poucos, Nath se aproximou , e arrepiei quando, enquanto pegava o fecho, tocou minha pele e o curativo. Prendeu-o com rapidez, como se fosse simples tirar e por peças intimas.
          -Pronto- ele disse, mas não tirou as mãos de minhas costas. Deixou-as cair, escorregando até a minha cintura. - Emery... Em's..
         Seus dedos, firmes, porém com calos e judiados com o trabalho de representante, pegou meus cabelos e os deixaram de lado, abrindo espaço para que seu hálito doce e quente se chocasse contra o meu ombro. - Eme...- Nath sussurrou, mas foi interrompida, por uma voz, tão familiar quanto a minha própria.
          -Estou interrompendo, Emery?
         Nath se separou, com certeza, corando. Mas eu permaneci imóvel, o estômago contraído de pânico e saudade. Não possuía forças para me virar e encarar quem estava na porta.
          - Nem sequer mereço que olhe pra mim enquanto falo com você?- Disse, com o tom amargo, como se estivesse dominado por ódio e dor. Virei-me, sabendo que o verde de seus olhos, que se escureciam quando estavam em aflição, seria mais doloroso que um tapa ou ,até mesmo,facadas. Virei-me:
           -A quanto tempo.... Jade.

                                                           ***

             Inkas, estirada na cama, agarrou firme a caneta. Era incrivelmente boa para dar conselhos, mas escrever uma carta, era algo completamente diferente. Respirou fundo, e, imediatamente, sentiu os lábios vermelhos e quentes de Castiel em suas omoplatas, cobertas por uma blusa de tecido fino, subindo até a clavícula esquerda, deixando rastros incendiários por onde passava. Era assim que Cast, seu namorado, acalmava-a: de uma forma sensível, doce e íntima.
             Suspirando e ordenando a linha de raciocínio (ou, talvez, tentando apenas conter os leves e constantes tremores que percorriam seu corpo), começou:

         North Ocean, 17 de agosto de 2012
                              Irmão,
             Desde que embarcou para South Lake City, não tenho mais notícias suas. Como está? Espero que bem. Aqui é muito sem vida na sua ausência, Jade. As flores do jardim da Sweet Amoris estão, em sua grande maioridade, mortas, já que nem você e Emery estavam lá para cuidá-las. Agora, as únicas cores que se pode encontrar são os das roupas extravagantes de Ambre e o verde de meus cabelos.
              Mas, sem desviar de assunto, escrevo-lhe com ótimas notícias. Logo, graças a uma excursão escolar, irei passar dois dias em Phoenix, ao lado de toda a minha turma e, portanto, creio que pode ser a oportunidade perfeita para que você volte para North Ocean e converse com Emery. Coincidentemente, ela receberá alta um dia após a minha viagem, então pode surpreende-la na casa de Marry (a irmã, lembra?). 
             Lembra de como os cabelos da Em's costumava a dançar quando estava com você? Como os seus olhos brilhavam quando ela te via na esquina, e corria para te abraçar? Ou quando ficava corada, quando você, gentilmente, passava os anéis dos dedos sobre a bochecha e repousava em seu queixo, alinhando-a para um beijo Desde que você se foi, Jade, e Ken deixou-a completamente , Emery nunca mais foi a mesma. 
             Os únicos momentos em que vejo traços de seu verdadeiro eu, é quando está, ou cercado por amigos, rindo e fazendo palhaçadas, ou quando está com Nath. Pelo o que consigo presenciar, ele funciona como um sol para ela, transferindo sua luz e deixando-a radiante. Mas quando o sol se põe, o brilho vai embora, arrastado pelo vento e pela lembrança do atropelamento.
              Você, sendo um irmão mais velho, deve estar se perguntando como anda o meu relacionamento,e  tenho o prazer de te dizer que estou extremamente feliz ao lado do meu "tomate". Mas te peço que não conte a Emery sobre sermos irmãos e sobre eu saber onde você está. Ainda não tivemos uma oportunidade adequada para que eu possa contá-la e creio que ela poderia se zangar pelo meu silêncio. 

                                       Aguardo, ansiosamente, sua resposta.
                                                    Abraços, 
                                                         Inkas.
           Levantando-se, Inkas entregou a carta a Castiel, que imediatamente se prontificou de mandar para o correio. Em pouco tempo, seu irmão poderia entrar em contato.


                                                    **** Dias depois ****

         Jade encontrou, dentro da caixa de correspondências, um envelope turvo, de tom gesso.
Retirou a carta, escrita com a letra legível, porém desastrada, de sua irmã. Enquanto percorria o terceiro parágrafo, seus olhos se encheram de lágrimas. Não era capaz de imaginar Emery murchando, como as flores do jardim da escola.
         Mas algo o deixou alarmado: Inkas havia dito " não conte a Emery sobre sermos irmãos e sobre eu saber onde você está. Ainda não tivemos uma oportunidade adequada para que eu possa contá-la e creio que ela poderia se zangar pelo meu silêncio.". Mas ele já havia escrito, dizendo a Em's sobre eles serem irmãos e deixara claro, mesmo que implicitamente, que ela sabia onde ele estava. Aquilo seria um problema? Não respondeu, apenas pegou o telefone em busca de passagens.



            Jade amassou, pela milésima vez, a folha de papel em cima da mesa. E, novamente, recomeçou a carta:

         South Lake City, 14 de agosto de 2012
                                     Querida Emery,
          Como eu queria poder te explicar o por quê de ter te abandonado dessa forma. Ainda me lembro de como foi a nossa última noite juntos: Doce, nossas mãos entrelaçadas, enquanto eu escondia uma aflição tremenda por saber que deveria deixá-la na noite seguinte. 
          Nunca, Querida Eme, duvide de que te amei, mas sabe como é acordar, na maioria das noites, com a pessoa deitada ao seu lado sussurrando o nome de outro enquanto sonha? "Kentin... Ken..." Não sei se entende a teoria do "amor-próprio", mas, da mesma forma que eu a amava cada vez mais, vê-la tentando aprender a amar-me era tortuoso. 
          Espero te encontrar algum dia novamente. Aqui, em South Lake City, costuma a chover quando tem sol, logo, formam-se três ou quatro arco-íris. Cada cor me lembra algo daí. O vermelho de suas bochechas, coradas, o laranja e violeta das flores que você cuidava no jardim da Sweet Amoris, o azul claro das manhãs em que você acordava descabelada, e o escuro das noites nas quais, Emery, você se debruçava sobre a minha barriga e acabava dormindo. O amarelo dos cabelos de Ambre, que voaram soltos, quando você deu-a um tapa (aliás, muito bem dado) no rosto dela, e a que eu mais gosto: O verde, dos cabelos de minha irmã, Inkas, enquanto vocês duas andavam juntas pela cidade.
          Devo ir visitá-la um dia desses, e espero que não guarde rancor de mim, pois eu mesmo já me odeio o bastante por tê-la  deixado. Mas sei que, comigo por perto, você não iria lutar pelo seu verdadeiro amor. 
          Cuide de Inkas enquanto eu não estiver por perto. Diga-a que a amo e que cheguei bem. Agora, Emery, tenho que me despedir. Não sei quando esta carta chegará, ou SE um dia irei ser capaz de enviá-la, mas sinto falta de cada célula de seu corpo, cada fio de seu cabelo e pedaço de sua personalidade, confusa e apaixonante.
                               
                                                  Cuide-se, Meu amor.
                                                                         Jade


        Voltando a realidade e se livrando do entorpecimento causando por todas aquelas lembranças e emoções, Jade guardou a carta na gaveta. Deitou-se na cama, mas, inquieto, se levantou novamente. Ele iria ser corajoso. Ele iria noticiar Emery.
         Suspirando, pegou o envelope, botou o papel dentro, e se dirigiu ao correio.


Welcome

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Bem- vindos ao meu pequeno mundo *-*

Sobre o Blog

" História de uma docete é apenas um blog que dá asas a minha imaginação. Cada personagem possui uma pequena parte de mim, independente se é boa ou ruim. Sempre abordo o amor, o ódio, a dor, o medo e a amizade quando escrevo algo, pois são fatores que estão constantemente presentes em nossas vidas. Acho maravilhoso abordar o que é recíproco ou não, e por isso, garanto que este blog será um cantinho no qual iremos nos apaixonar cada vez mais!"
-Emme